A PEI Camila Perrota teve o privilégio de conhecer a proposta educacional de Reggio Emilio, Itália.
Antes de viajar, Camila conversou com as crianças e confeccionaram um cartão postal coletivo que seria entregue para as crianças italianas.
No dia da Avaliação, 11 de junho, Camila compartilhou com os educadores do EDI as experiências vivenciadas em Reggio Emilio que muito contribuirão para o enriquecimento e aprimoramento do trabalho desenvolvido em nosso EDI Igor Moraes da Silva.
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CARTÃO POSTAL COLETIVO |
A criança tem cem linguagens (E depois cem, cem, cem)
mas roubaram-lhe noventa e nove. A escola e a cultura lhe separaram a cabeça do
corpo. Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de
não falar, de compreender sem alegrias, de amar e de maravilhar-se só na Páscoa
e no Natal. (MALAGUZZI. Disponível em: http://desvelandoaeducacao.blogspot.com.br/2012/04/as-cem-linguagens-da-crianca-loris.html).
Durante o curso de
Especialização “Docência na Educação Infantil” oferecido pela Universidade
UNIRIO em parceria com o MEC, destinado a professores da rede pública de
ensino, o grupo teve na aula de currículo contato com a experiência educativa
de Reggio Emilia.
Reggio Emilia é uma
cidade do nordeste da Itália, que ao longo do tempo e da sua história pós
segunda guerra mundial iniciou uma relação intensa com suas crianças, toda a
comunidade se envolvendo nas questões educacionais da região. O professor Loris
Malaguzzi, grande referência e idealizador dessa proposta nos fala de uma
pedagogia da escuta onde a criança é a grande protagonista do trabalho
realizado.
Em Maio, acompanhando
um grupo de estudos da América Latina e com a liberação dos dias de trabalho na
unidade escolar concedida pelo município da cidade do Rio de Janeiro através da
licença estudo, tive a oportunidade de conhecer de perto essa realidade. Foram
momentos muito especiais, ricos, poéticos, estéticos, que sensibilizaram corpo
e mente.
É toda uma cidade que
valoriza o olhar e as produções das crianças, oferecendo curso de contação de
histórias, grandes centros de pesquisa e estudos, exposições e projetos nas
ruas, como por exemplo, o encarte da farmácia que é feito por elas.
Foi uma semana intensa
de palestras, visitas as creches e pré-escolas, passeios pela cidade,
conversas, inquietações, ressignificações e muita emoção.
As palestras
apresentaram a proposta educativa da cidade, englobando temas como a
projetação, documentação, o trabalho com diversos materiais, com crianças com
necessidades espaciais, a parceria com as famílias, destacando a importância da
criação de contextos para os grupos, as relações estabelecidas e a formação do
professor na prática.
Durante as visitas a
esses espaços, grandes surpresas. As paredes da creche são de vidro interligando
todos os ambientes recheados de realidade, fotos, sentimentos, fantasias,
móbiles, diversos materiais como luzes, panos, gravetos, folhas, instrumentos
musicais, palanques... Na hora da refeição, são as crianças que arrumam a mesa,
sempre enfeitando com folhas que dão cheiro ao ambiente. O ateliê que também
compõem esse lugar, enriquece o cotidiano dos grupos com argila, tintas,
pedras. A pré-escola é um verdadeiro laboratório de investigação, as crianças
criando, estudando a alface, o tomate, produzindo histórias e memórias.
Uma das propostas desse
curso era criar uma ponte com as nossas escolas. Pediram que levássemos um
pouquinho do nosso lugar, da produção de nossas crianças, para eles nos
conhecerem melhor. A turma do EI-31 desenhou em uma foto da comunidade Mata
Machado tudo o que tem aqui, como as suas casas, flores, parquinho, carros,
sol... No encerramento do curso, entreguei nosso registro. Agora nossa creche
está também lá na Itália, assim como agora Reggio também está aqui conosco.
Em todos esses momentos
vividos lembrava do nosso EDI Igor Moraes da Silva, de nossas crianças,
produções, espaços, materiais, profissionais, família, comunidade, cultura.
Durante o centro de estudos tive a grande oportunidade de compartilhar com toda
a equipe essa experiência pensando de que forma Reggio poderia contribuir com a
nossa creche, enriquecendo nosso trabalho na luta pela garantia dos direitos de
nossas crianças. São reflexões sobre o ato de projetar, a forma de documentar,
os relacionamentos estabelecidos com as crianças, a formação dos professores, a
relação de parceria com a nossa cozinha e com as nossas famílias, as diversas
possibilidades de materiais, cheiros, linguagens... E muitas outras
ressignificações que iremos em equipe, problematizar à partir desse encontro com
Reggio Emilia, não como um modelo a ser copiado, e sim como inspiração.
Professora Camila
Perrotta!